quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Boneca do Orfanato Final



No dia seguinte, totalmente abatido, triste, humilhado e confuso Richard se encontra com Lua no café da manhã como era o costume.

Ele se pegava a todo o momento olhando para Robert e imaginando mil maneiras criativas de matar-lo, ele nunca sentiu tanto ódio de uma pessoa em sua vida, o raiva era tanta que ele se esquecia por segundos que estava ao lado de Lua, mas logo se lembrava quando ela o dirigia a palavra:

_Richard você está tão avoado, no que está pensando?

_Ah, não é nada apenas estou com sono, não tive uma boa noite ontem.

_Oh querido que pena, então é por isso que está com estes olhinhos fixos?!

_É.

_Coma seu bolo Richard, você precisa se alimentar está muito magrinho.

Neste momento Richard olha para Lua, a encara nos olhos, de alguma forma aqueles olhos lhe traziam paz, ele não podia acreditar que ela era falsa com ele, ela o tratava de forma tão carinhosa enquanto falava, Richard sentia na voz dela que estava feliz, que gostava de estar ali com ele.

Aquilo tudo não podia ser apenas pena, era amor e disso Richard não tinha mais dúvidas.

Então enquanto seus olhos se chocavam em uma fixação penetrante, Richard pergunta seriamente a Lua:

_Você me ama de verdade?

Lua fica meio sem surpresa e inquieta com a pergunta, após segundos de silêncio ela responde:

_Sim, sim eu te amo, eu te amo, e tenho certeza disso.

Richard sorri para Lua e a abraça, após estas palavras que lhe apreciam o cúmulo da sinceridade ele sentia-se mais confiante e estava certo que o dito de Robert do dia anterior era apenas um blefe.

Após o café Richard resolve dar uma volta pelo o pátio do orfanato, ele repara em uma pequena casinha que tem ao lado de fora, sempre via quilo ali mas nunca se sentiu curioso a respeito, aproveitou a oportunidade para perguntar a umas das irmãs que estavam por ali cuidando do jardim:

_Irmã, o que aquela casinha?

_Ali é onde guardamos coisas velhas.

_Está aberto?

_Sim está, pode ir lá ver se quiser.

_OK, vou lá,

Richard vai até a porta da casinha, adianta sua mão vagarosamente à maçaneta enferrujada temendo o que podia encontrar lá dentro, nem ele sabia explicar mas no momento em que se aproximou da porta sentiu uma energia estranha, algo que parecia intimo mas que ao mesmo tempo nunca havia sentido antes.

Ao abrir a porta, a casinha estava extremamente escura e apenas a luz que entrava por entre a porta ela sua guia, e ela iluminava um rosto. Neste momento Richard deu um pulo de susto, mas a curiosidade foi maior e ele acaba a arreganhar a porta por inteiro, e então a luz ilumina uma boneca de estética horrível com roupas antigas e o mais incrível era que ela tinha o mesmo tamanho que Richard.

Ao ver a boneca ele sente algo mais forte do que antes, a boneca exalava alguma coisa que o atraia, então ele se aproxima da boneca e olhando fixo nos seus olhos estáticos e inexpressivos, ele sente que aquela boneca não era como uma convencional algo sobrenatural envolvia ela.

Richard pega-a em mãos e afasta as teias de aranha de seu rosto, limpa suas vestes que estavam muito empoeiradas com o tempo e a leva para o lado de fora, pergunta a irmã:

_O que isso irmã?

_Oh onde encontrou isso?

_Na casinha.

_Bote isso de volta, agora.

_Espere, me diga de quem era.

_Não apenas devolva.

_Por favor irmã eu preciso saber.

_Você não precisa de nada, bote de volta e vá para dentro.

Richard fica impressionado com a boneca e nem ele sabe o por que, então ele lembra de uma pessoa que está ali tempo o suficiente e que talvez saiba algo sobre aquilo, ele procura por Ágata.

Ágata era uma garota muito feia e extrovertida, talvez este seja o motivo dela nunca ter sido adotada, mas ela já estava ali a bastante tempo e hoje, já não era mais uma interna, ela trabalhava efetivamente na limpeza do orfanato.

Richard chega até ela dizendo:

_Oi Ágata.

_Oi.

_Posso te fazer uma pergunta.

_Claro, por que não?!

_Eu estava na casinha do lado de fora do orfanato e encontrei uma boneca grande, ela tinha mais ou menos o meu tamanho você sabe algo sobre ela?

_Acho que sim, é uma de vestes antigas?

_Exatamente.

_Pois bem menininho, prepare-se para a história mais arrepiante do orfanato.

Richard arregala os olhos e em seguida apura os ouvidos para ouvir sem erro o que Ágata tinha a dizer sobre a boneca.

Ágata olha para os lados fecha a porta da sala que estavam e põe-se a falar como louca:

_Bom, esta história acontece antes mesmo de eu vir pra cá, diz a lenda que havia uma menininha muito pequena que veio parar aqui no orfanato quando seus pais morreram em um acidente, ela era muito excluída e estranha, só ficava com aquela boneca dia e noite, não falava com ninguém apenas com a boneca. Por ser tão estranha não tardou a ser motivos de chacota pelas outras crianças, dizem que não costumava se irritar com as chacotas, apenas quando eram direcionadas a sua boneca, que chamava de Seraphine. Ela morria de ciúmes da boneca, ninguém podia tocá-la e nem ao menos falar mal dela, que a menina ficava louca.

_E como essa menina se chamava?

_A sim, espera, preciso lembrar... acho que era Salua, Sulia, Slulua algo do tipo. Mas continuando, você sabe em frente a casinha? Tem aquele jardim grande.

_Sim claro.

_Ali tinha uma lagoa antes, era bem funda, quando cheguei aqui já tinham aterrado. Mas vamos a história, então três garotos resolvem fazer uma brincadeirinha com a menina, eles pegam a boneca e levam para lagoa, a garota veio como louca atrás deles, então quando ela chegou perto de um dos meninos para pegar a boneca, ele a jogou dentro da lagoa, a menina não sabia nadar e mesmo assim não pensou duas vezes antes de pular atrás da boneca, não deu outra, ela morreu afogada.

Richard arregala os olhos põe a mão em frente a boca e diz em voz sufocada:

_Sério?

_Claro, e não me interrompa idiota, ainda tem mais. Após isso a boneca foi guardada em um armário, aquele dentro do dormitório feminino, ela ficou anos lá, e quando cheguei aqui ela ainda estava lá guardada. Mas era muito estranho por que dês de então todas as noites nós podíamos ouvir a boneca batendo de dentro do armário pedindo para sair, ela gritava:

_Socorro, me deixem sair, eu estou sem ar.

E todas as noites era a mesma coisa, daí quando as meninas começaram a reclamar com as irmãs chorando e desesperadas de medo, elas resolveram tirar a boneca de lá e por lá fora.

_Mas por que não jogaram fora?

_Elas jogaram, mas nos dias seguintes a boneca sempre aparecia de novo dentro da casinha, ai chamaram um exorcista para a boneca e dês de então não tiveram mais problemas com ela.

_Nossa essa história é mesmo impressionante.

_Mas por que você se interessou por isso?

_Bom eu vi essa boneca na casinha e achei interessante só isso.

_Á é mesmo, bom tome cuidado com ela, mesmo já exorcizada eu ainda morro de medo.

_OK, e obrigado pela ajuda Ágata.

E então Richard, volta muito pensativo no que acabara de ouvir, estava impressionado com tal história e muito arrepiado também.

Mas isso não era o mais importante para ele no momento, pois logo ele se lembrou do que Robert lhe havia dito, e foi dito e feito, bateram 00:00hr no relógio do orfanato e Richard caminhou até os corredores do banheiro, onde de longe avistou Robert e Lua conversando, ao ver aquilo Richard sente seu coração arder e seu estômago congela em questão de segundo, ele não podia ouvir o que eles conversavam pois estava de longe.

Ficou atento a todos os movimentos dos dois temendo um beijo, Robert e Lua conversavam porem Richard não ouvia:

_Robert, eu já te disse, eu não quero mais nada com você, eu estou mesmo amando o Richard.

_Como pode amar aquela bonequinha, você não gosta de homem?

_Saiba você que o Richard é muito mais homem do que qualquer garoto aqui deste orfanato, ele sim sabe como tratar uma dama ele é um fofo e você um estúpido arrogante.

_Você me chamando de arrogante? Tudo isso que você fez comigo e com aquela Bonequinha não acha isso arrogante também? Você pode não saber mas eu também tenho sentimentos Lua e eu te amo.

_Eu sei Robert, mas infelizmente eu não tenho o que fazer, eu estou mesmo gostando Richard.

Robert olha no fim do corredor e vê que Richard já está ali, e então diz para Lua:

_Bom eu aceito minha derrota, mas com uma condição.

_Que condição?

_Me dê nosso ultimo beijo, por favor.

_OK, se for só isso tudo bem.

Então Lua e Robert se beijam, e Richard assiste a tudo do fim do corredor, naquele momento foi como se uma espada estivesse sido enfiada em seu coração sem piedade alguma, suas pernas estremeceram e ele caiu de joelhos no chão, de cabeça baixa ele se pões a chorar, tudo aquilo que ele passou, acreditando no amor dos dois, foi tudo em vão.

A única pessoa que ele confiava lhe traiu da pior forma, ele sentiu que não podia ser amado por ninguém, sua ultima esperança era Lua, e agora ele não a tem mais, ele só tem a certeza da falta de caráter da pessoa que tanto amou.

Richard se retira dali aos prantos, e se encosta na porta do dormitório, escorrega pela porta e cai sentado diante dela, neste momento o que ele sentia era puro ódio, ele sentia raiva de Lua, ele sentiu raiva de cada palavra, de cada olhar, de cada sorriso, de cada beijo e de cada gesto que ela já tenha feito para ele.

O ódio tomava conta da cabeça e do coração de Richard, ele queria matar-la e matar a todos que já o fizeram sofrer, ele estava revoltado em como sua vida era miserável, ele queria que todos a sua volta tenham está miséria pagando com a própria vida.

Neste momento de ódio predominante Richard escuta uma voz em sua cabeça, esta dizia:

_Richard, socorro me tire daqui e eu o ajudarei a se sentir melhor.

_Quem está falando isso?

_Richard sou eu, Seraphine, venham me ajudar, eu não agüento mais estar presa aqui.

Richard levanta-se e vai a caminho da saída dos fundos, onde ele daria em frente a casinha, chegando lá a porta estava trancada, então a voz pôs-se a dizer:

_Richard quebre as janelas, ninguém irá te ouvir eu garanto.

Então Richard pega uma cadeira e joga pela janela, ele corre para o pátio, e abre porta da casinha violentamente, neste momento a chuva começa a cair e os trovões partirem os céus, a luz dos trovões iluminava a casinha, dando a noção de onde estava a lâmpada.

Richard acende a lâmpada, e Seraphine estava ali diante dele estática, e calada, o menino abaixa-se diante dela, olha em seus olhos e mais uma vez escuta em sua cabeça:

_Oh Richard obrigada, agora preciso te ajudar. Pegue minhas roupas e veste-as, assim poderei te ajudar a descarregar todo este ódio, em breve você estará leve e feliz novamente, confie em mim.

Então seduzido por tais palavras, Richard veste a roupa da boneca, levanta-se e anda vagaroso em direção a porta, quando escuta em sua cabeça novamente:

_Onde pensa que vai? Volte aqui, você precisa de mais uma coisa.

Richard volta, e para diante dos entulhos, a boneca diz:

_Veja dentro daquela caixa rasgada.

Ele abre a caixa e se depara com uma tesoura de aparar arbustos, enorme, a boneca diz:

_Pegue isto, agora está na hora de descontar tudo o que nos fizeram aqui dentro, isso é por mim e por você Richard.

Então Richard caminha até o orfanato chorando, ele sentia ódio mas não queria machucar ninguém, subiu as escadas:

_Pronto querido, agora vá até o dormitório feminino.

Richard não queria, mas não podia evitar de obedecer a voz de Seraphine, ela era sedutora, suave, convincente.

Então ele vai em direção ao dormitório feminino, abre a porta segurando a tesoura, e entra no dormitório, imediatamente ele escuta em sua mente:

_Ótimo Richard agora irei tapar os ouvidinhos delas para não escutarem a surpresinha.

Então ele foi degolando com a tesouras as meninas uma a uma, no fim o dormitório virou um grande festival de sangue, havia sangue espirrado por todo canto o chão estava molhado, e a única coisa que se ouviu naquele quarto foi o barulho do sangue gotejando e as sapatilhas de Richard tocando o chão.

_Que lindo trabalho Richard, se sente melhor querido?

_Ainda não é o suficiente.

_Oba, era isso que esperava você dizer, que tal o dormitório masculino?

_Eu adoraria.

E então Richard caminhou ensangüentado ao dormitório masculino, abriu a porta, entrou.

_Agora irei tampas os ouvidinhos deles também, não é justo que vejam a surpresa.

E então mais uma vez Richard passou degolando menino por menino naquele dormitório, parando apenas em Robert, após alguns segundos o observando dormindo Richard diz:

_Destampe os ouvidos dele, eu quero ouvir ele me chamando de bonequinha mais uma vez.

_OK, meu amor.

Então Richard acende as luzes para que Robert possa ver seus colegas degolados e sangrando como galinhas abatidas, no momento em que as luzes foram acesas Robert acorda, e solta um grito aterrorizado ao ver a cena, ele fica estático em sua cama não consegue se mexer.

Richard se aproxima dele sobe em sua cama e diz apontando a tesoura para ele:

_Me chame de bonequinha!

Robert não conseguia responder, o medo apenas o fazia estremecer. Richard volta a dizer:

_Me chame de bonequinha, agora!

Robert mais uma vez mantêm-se calado. Richard grita em um berro gutural:

_Me chame de bonequinha seu filho da puta estúpido.

E quando Robert toma ar para dizer alguma coisa, antes que possa falar, Richard enfia a tesoura aberta no pescoço dele e fecha violentamente, fazendo com o que o sangue de Robert espirre todo em sua face, o deixando ainda mais encharcado de sangue.

Isso o satisfez de uma forma demoníaca. Mas ainda não acabou, ainda falta alguém que Richard adoraria matar, a Seraphine aborda ele dizendo:

_E agora? Satisfeito?

_Não, ainda falta alguém, a pessoa mais importante, mas não sei onde ela está, não estava no dormitório.

_Eu sei onde está, ela está no banheiro, se você correr ainda a pega lá,

_Perfeito!

Então Richard põe-se a correr em miúdos, com aquela saia comprida e suja de sangue, a roupa dava um aspecto ainda mais feminino a Richard o que tornava tudo ainda mais estranho. Chegando a porta do banheiro Richard, respira fundo e diz:

_É agora.

Ele entra e Lua estava lavando as mãos, ao se depara com Richard naquelas vestes e todo sujo de sangue, antes que pudesse reparar na tesoura, ela se adiantou o abraçando e dizendo:

_Oh meu amor o que houve com você? Você está bem querido?

_Não.

_O que aconteceu?

Neste momento Richard enfia com força a tesoura na barriga de Lua, que por ser grande atravessa a menina, e diz no ouvido dela:

_Você me enganou da forma mais cretina, como pode fazer isso comigo Lua?

Ela olhando nos olhos dele, diz em meio ao sangue que saia de sua boca:

_Richard... quando eu disse que te amava eu nunca havia sido mais sincera na minha vida.

Richard com muito ódio do que acabara de ouvir, empurrou com mais força a tesoura, fazendo com que sua própria mão atolasse na barriga de Lua, e disse:

_Mentirosa!

Então os olhos de Lua que costumavam serem tão vivos, estavam morrendo diante de Richard, e mesmo nesta situação eles ainda passavam toda aquela paz e confiança que conquistaram o menino, neste momento beirando a morte, Lua olha nos olhos dele sorrindo e diz com toda a sinceridade:

_Richard eu te amo.

FIM

4 comentários:

  1. sem palavras. ><"
    É diferente vc saber uma antecipação e depois ler mesmo...
    queria que não fosse tão triste.Mas é bom,mesmo assim...
    Beijo

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  2. Com esse eu realmente me surpreendi,adorei do começo ao fim... ^^


    Bjin! x*

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  3. Olá meu querido amigo!

    Adorei o texto!!!!

    Saudade das suas visitas!!!!

    Beij♥s

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