quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Antropophagia Amorosa PARTE DOIS



Acordei na manhã seguinte com o incomodo despertar do relógio, aquele barulho intenso me incomodava profundamente como nunca havia incomodado antes, soltei minha mão em seu botão de desligar e foi um alivio para meus ouvidos, sentei na cama, visei o espelho do guarda-roupa onde na noite anterior havia visto um vulto estranho, me peguei a perguntar por uns segundos se eu realmente havia visto algo ou estava sonhando.

Já na mesa do café o clima era frio, como sempre fora, meus pais vivem para seu trabalho nunca deram atenção para meus problemas não seria agora que iriam se importar, tomei meu café extremamente perturbado por meu problema recente.

Cheguei no colégio um pouco atrasado, todos já estavam em sala de aula, entrei pela porta da frente e caminhei pelos corredores em direção a minha sala, quando der repente eu avisto ao fim do corredor algo estranho, parecia um homem vestido de preto, era impossível ver seu rosto pois seus cabelos compridos e negros o tapavam, esfreguei meus olhos afim de retomar a realidade, e nada mudava, o homem continuava lá estático. Após observá-lo por uns estantes ele abre duas longas asas negras.

Caminhei em direção a ele vagarosamente, ia me aproximando gradualmente sem pressa, eu esta tremulo pois não sabia ao certo o que via em minha frente, quando me aproximei mais um pouco, as luzes se apagaram rapidamente e quando voltaram o homem já não estava ali, ele havia sumido como em um passe de mágicas, fiquei alguns segundos ali estático extremamente impressionado com o que acabava de ver.

Retomei o rumo a sala de aula, entrei, sentei, e enquanto ouvia a voz aguda e irritante da professora de matemática, um ódio ia tomando conta de meu coração, a vontade que eu tinha era de arrancar a cabeça dela com minha cadeira. Finalmente a aula acaba e entra um outro professor, ele põe-se a lecionar sua matéria inútil de física, e eu ponho-me a cochilar. Quando acordei já era fim de aula e intervalo do recreio, sai rapidamente da sala, olhando atentamente a todas as direções na esperança de encontrar meu amor, a Gabriela.

Chegando no refeitório eu vejo ela sentada em uma mesa, mas tinha um garoto com ela, eu me adiantei aos dois e perguntei:

_O que está havendo aqui?

Gabriela respondeu:

_Oi meu amor!

_Gabriela eu te fiz uma pergunta.

_Á... Este é o Wander, ele está me explicando algumas coisas da cultura americana, já que vou morar lá tenho que saber de algo.

_Você não vai morar lá, eu te disse que ia dar um jeito de você ficar comigo... Quanto a você moleque, sai agora daqui antes que eu arrebente essa sua cara feia!

Gabriela diz com uma expressão de desaprovação:

_Leandro o que está havendo com você? Que comportamento ridículo é este?

_Este idiota quer roubar você de mim!

_Leandro deixe de ser tão paranóico, a gente só estava conversando... olha aqui só volte a falar comigo quando você voltar a ser como era!

_Mas Gabriela você não me entende!

_Eu sei que você esta chateado com o que estamos enfrentando, mas isso não lhe dar o direito de ser grosseiro com as pessoas, eu estou indo para minha sala, pense bem no que você fez depois venha falar comigo!

Eu sai dali furioso, ela parecia não se importar com o fato de estarmos prestes a sermos separados, eu comecei a chorar der repente e corri para o banheiro para que ninguém me visse assim. Chegando lá fui até a pia, passei uma água no rosto, abaixei a cabeça, abri os olhos e... havia algo dentro do ralo da pia, era um olho, ele olhava freneticamente para todos os lados e quando me avistou frisou-se em mim. Fiquei muito espantado, afastei-me da pia, e quando olhei no espelho ao invés de meu reflexo havia um homem, parecia o mesmo que tinha visto mais cedo, só que agora eu podia ver seu rosto e havia algo bizarro nele que me chamou muito a atenção, ele não tinha olhos, no lugar de olhos haviam apenas cavidades cobertas de sangue que escorriam por seu rosto.

O homem disse:

_Olá Leandro!

Eu respondi com a voz muito tremula:

_O que você quer?

_A questão não é o que eu quero, e sim o que você quer!

_O que quer dizer com isso?

_Eu sei de seu problema e também sei como lhe ajudar.

Ele dizia isso sorridente isso me irritava muito, então perguntei:

_O que é você?

_Uhmm... Digamos que sou um cupido... Mas não um comum, um diferente.

_Diferente por quê?

_Eu vim para espalhar o verdadeiro amor no coração dos homens.

Me afastei do espelho observando aquela figura bizarra de grandes asas negras, encarei-o por um tempo, me perguntando se devia pedi-lo ajuda, foi quando eu disse:

_Você pode me ajudar?

_Foi para isso que eu vim.

_Então o que tenho que fazer?

_Primeiramente, peça desculpas a ela por seu comportamento no refeitório, tisc, tisc, tisc o que você fez não foi nada cordial.

_Certo eu farei isso.

O cupido negro verifica seus pulsos como se estivesse olhando em um relógio e diz:

_Bom, devo ir agora, ainda tenho muitos casais para unir e para manter unidos.

Apesar de achar tudo muito estranho, eu ouvi o que ele dizia pois ele parecia tão seguro do que falava, ele causava a impressão de ser realmente sensato. Tomei rumo a sala de aula da Gabriela, cheguei lá e me desculpei pelo o que havia feito, e então eu pude ver de novo aquele brilho nos olhos dela, aquele mesmo brilho que me transportava por nossas lembranças. Me senti satisfeito por enquanto, mas mal podia esperar pelas próximas instruções do Cupido negro.

CONTINUA

Nenhum comentário:

Postar um comentário