segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Boneca do Orfanato I



Raios partiam os céus, era uma noite chuvosa e de pouca luz, na Rua Santo André em frente ao orfanato Luz tudo o que se via era um mendigo sentado cobrindo-se com uma lona preta furada, era uma rua pobre a única construção que se destacava ali era o orfanato.

Ele tinha uma rotina puxada, todos os horários deviam ser obedecidos ou se não o castigo era certo, porem, algumas freiras faziam vista grossa em alguns casos, por pura preguiça, os únicos castigos que eram certos eram os fáceis de dar.

O relógio do orfanato batia 20h naquele momento, hoje era um dia incomum, dia de receber criança nova no orfanato, as freiras posicionavam as crianças em duas filas em frente à porta de entrada. Uma fila de meninas e outra de meninos obedecendo à ordem de tamanho crescente. Todas às vezes era a mesma coisa, quando os alunos eram reunidos na sala para receber novos companheiros, os comentários se arrastavam de um lado ao outro, fazendo um barulho intenso e inidentificável.

A ansiedade dos alunos era sempre absurda, pois não dava para saber o que eles esperavam de seus novos colegas, os comentários continuavam infestando a sala quando em um DING DONG, o silêncio invadiu a sala como um raio, e só o que pairou foi o silêncio pré-revelação.

Imediatamente a irmã Maria precipitou-se à porta, abriu-a vagarosamente, e quando a expectativa já estava exalando das cabeças dos alunos, o colega novo entra pela porta acompanhado de uma mulher grande e magra do serviço social. Imediatamente os alunos frisarão o pequeno Richard, aluno novo, ele era um menino muito baixo, de cabelos lisos e negros, as formas de seus olhos azuis lembravam o olho de um gato, sua boca era pequena e rosada, seu rosto era angelical impossível de se distinguir qual era seu sexo assim como os anjos devem ser.

Ele estava parado ali de cabeça baixa, com suas pequenas mãos sobrepostas, evidente que era um menino muito tímido, mas isso não abalava os alunos que no mesmo momento iniciaram uma ridícula seção de comentários maldosos:

_O que é isso?

_Nos não íamos receber um menino hoje?

_Ele parece mais ume menininha.

_Olha só é um travesti.

_Hei bonequinha!

Meio chocada com o que via a irmã Joana expeliu um agudo e incomodo grito clamando por silêncio:

_Silêncio seus pestinhas!

E assim os alunos puseram-se em silêncio, e irmã disse com uma voz rouca e tremula:

_Querido apresente-se a seus novos irmãos.

Richard deu um pequeno passo a frente e disse com sua voz sufocada e tímida:

_Eu me chamo Richard, tenho 12 anos e meus pais morreram a poucos dias, então fui mandado para cá pois nem um de meus parentes tem condições de me criar.

A irmã Maria pega na mão de Richard e diz:

_Já está bom querido, leve suas coisas lá para cima, tem uma cama preparada para você, ela será a ultima da fila direita, certo querido?

_Sim senhora.

Imediatamente a irmã se vira à uma aluna, e diz:

_Lua, leve Richard até seu quarto.

Ela com sua voz suave e cativante responde:

_Claro irmã.

Ao bater os olhos em Lua, Richard instantaneamente sentiu seu coração vibrar. Lua era uma linda jovem, tinha 15 anos, longos cabelos lisos e castanhos, olhos verdes bem clarinhos que lembravam a água do mar, seus lábios eram carnudos e estreitos bem rosados, era magra um pouco alta. Era linda como Richard nunca havia visto antes.

Lua pegou na mão de Richard em um toque suave, ele ergueu sua mala do chão, ela foi o guiando delicadamente até as escadas onde já era longe dos olhos alheios, então disse:

_Me desculpe pelos comentários de mal gosto dos outros alunos.

_não, se desculpe...

_Eles são muito estúpidos, a maioria é... em todo caso saiba que vai poder contar comigo para tudo, pois cá entre nós, as irmãs são meio negligentes, no primeiro dia são uns amores mas depois nem se importam mais... sabe que outro dia encontrei uma sinta liga e um salto alto no quarto da irmã Joana, dês de então estou investigando para saber em que ocasiões ela usa isso... á me desculpe, eu falo um papagaio!

Richard responde apenas com um sorrisinho sem graça e ela continua:

_Bom, já vi que você não é de falar muito, então vamos subindo? Quer ajuda com a mala?

_Não obrigado, está tudo bem.

Então ela continuou guiando-o até o andar de cima, o chão era de madeira e rangia a cada paço que era dado por Lua com seus sapatinhos rosas o que atraia a atenção de Richard. Então ela para em frente a uma porta aberta escrito “Dormitório Masculino”, Richard olha à adentro.

Era quarto muito comprido paredes de concreto sutilmente pitadas de azul, e o chão de madeira bem lisa, havia duas fileiras de camas, a que ele devia aconchegar-se era a ultima da fileira direita.

Luz chama sua atenção cutucando seu ombro:

_Hei, Richard, eu vou descer, depois que por suas coisas vá para a sala de jantar, fica a direita da porta de entrada do orfanato.

_Certo e obrigado mais uma vez.

_De nada qualquer coisa é só me falar.

Richard entrou no quarto, vou caminhando lentamente, olhando em cima de cada cama e cada criado mudo, percebia-se as características de cada aluno, apenas olhando seus pertences, foi um momento hipnotizante o sonoro toc toc de seus sapatos colidindo com o chão e seus pensamentos voando pelos pertences dos alunos.

Finalmente ele chega em sua cama, parecia ser a mais antiga e gasta, mas isso não representava problema para ele, pois ele já tivera tantos nos últimos dias que nem se importa mais com detalhes tão insignificantes. Ele imediatamente posa sua mala ao lado de sua cama e senta-se, apalpando os lençóis sentindo a delicadeza dos mesmos e imaginando a suave e pálida pele de Lua em suas mãos, e seu pensamento diz para si mesmo:

_Talvez haja uma coisa boa neste orfanato.

FIM da primeira parte.



BOM, gente desculpe a demora para postar essa primeira parte, xD eu queria fazer um desenho do Richard para postar junto, mas adai demoraria mais ainda, então eu resolvi botar o desenho depois... espero que tenham gostado, beijos amo todos!

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